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Olimpíadas e o gigante que não acorda

Não somos necessariamente um país de desportistas, mas não há dúvidas de que adoramos esportes. Essa constatação fica evidente quando notamos a repercussão que um grande evento como as Olimpíadas desperta em nossa gente. Neste ano, as competições ocorrem do outro lado do mundo, e diversas delas são transmitidas para nós durante as madrugadas. O brasileiro então tem sacrificado algumas horas de seu sono para acompanhar o desempenho dos atletas de seu país. E junto ao controle remoto está o celular, compartilhando as emoções pelas redes sociais. Tudo o que acontece é então reverberado nas internet. Em tempos de pandemia, a comemoração, frustração, alegria, tristeza (e alguma dose de revolta) são expressados virtualmente.


O curioso disso tudo é estamos bem longe de ser uma nação de grande destaque no cômputo geral das competições. Para o COI, já será um grande feito superar as 20 medalhas conquistadas em 2016, no Brasil. Num país com parco investimento no esporte, cada medalha conquistada vem acompanhada de uma história de superação que nos comove mais que a própria vitória na competição. As derrotas, geram frustração, mas sempre amenizadas pelas dificuldades sempre enfrentadas por nossos atletas. Por vezes, a grande vitória é classificar-se para disputar as Olimpíadas.


As histórias de vida são bonitas, afinal, traduzem o espírito esportivo de fato. Mas não há como negar que sem ficamos com um gosto um tanto amargo, de que sempre dava pra ser feito algo a mais, pois temos um potencial enorme para ser um país de vencedores.


E tudo poderia (deveria), começar na escola. O estímulo ao esporte escolar tem sido deixado em plano secundário no ambiente escolar, de uma forma incompreensível. Cada vez mais a educação física escolar foi deixando as quadras e entrando na sala de aula, onde o aluno já passa boa parte de seu tempo. Não se consegue encontrar o equilíbrio entre a necessária teorização dos elementos da educação física, agregando o pensamento crítico e cuidados com a saúde e a fundamental prática esportiva escolar. E aqui não tratamos de esporte competitivo. O Esporte escolar vai muito além. É o estímulo a uma vida ativa, saudável, é conscientização social, é integração, é respeito, inclusão.


Tudo isso só pode acontecer se houver estrutura para tal. Não se admite em pleno 2021, uma escola sem uma quadra esportiva. Não se pode seguir aceitando algo assim. Cenário absurdo que se observa inclusive em escolas particulares.


Hoje, o tal do progresso, tirou as crianças das brincadeiras de rua, os campinhos e quadras nas comunidades vão perdendo espaço, e a prática esportiva fica relegada apenas a espaços privados ou nos minguados projetos sociais que sobrevivem com muito sacrifício. Tudo piora, se observarmos os esportes de menor projeção, restritos a classe mais abastada. Mas chega uma Olimpíada e expoe a uma criança um mundo tão diverso de práticas que no universo dela parecem tão divertidas, os olhos brilham de interesse em participar (brincar) também daquilo.


Com a inclusão de esportes mais alternativos como o surfe e skate, se acentua o interesse dos mais jovens. E, ao ver uma garotinha da idade dessas crianças tendo sucesso, conquistando vitórias, o interesse se multiplica de forma incrível. Mas onde praticar? Como ter acesso ao esporte? Como conhecer outros tantos esportes que só vemos de 4 em 4 anos na TV?

Se o cenário não muda, seguiremos vendo uma ou outra história de sucesso, regada a superação e sacrifício. Quando poderíamos ter uma história de superação de um país inteiro, que por amar o esporte, deu a volta por cima e virou uma potência.

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