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Foto do escritorÍcaro Carvalho

Padrões de beleza, sacrifício e culpa

Em nosso cotidiano somos constantemente bombardeados por imagens e símbolos que remetem ao corpo perfeito, um padrão determinado por tipos físicos magros, porte atlético, medidas proporcionais, musculatura bem definida e percentuais de gordura baixos.

Aos que se encaixam nos padrões, os olhares, as oportunidades, a fama. Aos que fogem à regra, a tristeza, a vergonha, a inveja, ou a luta incansável para se aproximar ao máximo possível daqueles modelos e, assim, sair da invisibilidade e recuperar a autoestima.


Os padrões que parecem impostos pela sociedade de maneira insensível são determinados por nós mesmo quase que inconscientemente quando enxergamos determinadas características como sinônimas força, saúde e fertilidade. Uma herança evolutiva muito bem aproveitada pela mídia e pelos que vendem seus produtos e serviços neste ramo. Estes radicalizam esses parâmetros desconsiderando diferenças étnicas, culturais e até mesmo limites genéticos, enrijecendo e universalizando a imagem de “corpo ideal”.


E deste cenário pouca coisa realmente benéfica se consegue extrair. Na maioria das vezes, temos a frustração de quem lutou por anos a fio, com dietas, treinos pesados, produtos cosméticos, intervenções cirúrgicas sem alcançar definitivamente tal padrão. Ou ainda, a revolta dos que se negam a limitar seus prazeres, “gastar dinheiro e tempo” admitindo que viverão à margem desses parâmetros mas aproveitando tudo o que a vida tem a oferecer.


Mas, e como profissionais da área? O que devemos recomendar? Sim, nós trabalhamos de certa forma com padrões de beleza. Alcançar objetivos estéticos também faz parte dos objetivos de quem trabalha com Educação Física. Porém, há um ponto crucial: como profissionais de saúde, antes de “moldar” corpos bonitos, buscamos, sobretudo tornar as pessoas saudáveis. Conciliar essas metas seria o cenário perfeito, mas temos de reconhecer que não é fácil, não é rápido e, infelizmente não é alcançável a todas as pessoas (ao menos, não de maneira sadia, definitiva e segura).

Nos cabe então, a franqueza com nossos alunos/clientes, ao explorar dele toda a sua potencialidade ainda que não chegue ao dito padrão. Construir na mente dessas pessoas a ideia de que embora não seja necessário aceitar as pressões externas que nos são impostas a ponto de querer recorrer a métodos perigosos e contraproducentes, buscar alcançar tais padrões não é uma atitude reprovável. Ao contrário, ainda que estejamos distantes dos “modelos de perfeição”, cada passo (de forma segura e saudável) que damos em direção a eles, nos afastamos do extremo oposto que seria o desleixo com a saúde de forma geral, o que fatalmente nos levaria a enfermidades e uma péssima qualidade de vida.

Sim, você se ama e não precisa se submeter aos sacrifícios absurdos que costumeiramente observamos, mas seu corpo precisa de cuidados permanentes e você se ama o suficiente para manter-se sadio.

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